Entrevista – Governador Eduardo Braga, em 31 de dezembro de 2005

Entrevista do Governador do Estado do Amazonas, Dr. Carlos Eduardo de Souza Braga, concedida ao jornal Diário do Amazonas.

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Com o desafio de consolidar um programa de governo com políticas públicas integradas para garantir desenvolvimento sustentável em todos os setores da economia e avançar nas áreas de Educação, Saúde e Segurança Pública, nesta entrevista ao DIÁRIO o Governador do Amazonas, Eduardo Braga, diz que vai colocar o seu governo ao crivo do voto popular. Quer dizer, vai mesmo ser candidato à reeleição. “Não podemos voltar atrás para que as bases que nós construímos não sejam jogadas no lixo e o Amazonas não volte à política do que foi eu que fiz”, diz o Governador.

 

Governador, o que o Sr. gostaria de ter feito e não fez e o que pretende priorizar para o ano que vem?

Eu gostaria de ter feito mais, mas a Lei de Responsabilidade Fiscal, as limitações financeiras do Estado e a forma como eu recebi o Estado do Amazonas estabeleceram limitações no ritmo do investimento. Mesmo assim, nestes três anos de governo nós investimos mais de R$ 2 bilhões com recursos próprios do Estado. Indiscutível dizer o seguinte: nós conseguimos prorrogar a Zona Franca, conseguimos viabilizar o gasoduto Coari-Manaus e estamos conseguindo viabilizar a BR-319 (Manaus-Porto Velho), que eram os três grandes desafios do Amazonas há mais de uma década.

 

O Amazonas é muito dependente da Zona Franca?

Temos um programa de governo que aponta para daqui a 20 anos que o Amazonas não seja mais tão dependente da Zona Franca de Manaus como foi nos últimos 37 anos, sem ter criado um novo programa econômico que é a Zona Franca Verde. Se não for através do desenvolvimento sustentável com linhas de créditos subsidiadas e com incentivo fiscal nós não transformaremos as riquezas naturais do Amazonas em desenvolvimento.

 

Quais são os chamados gargalos da economia?

Um grande gargalo a vencer foi a situação de energia no Estado. Era caótica na capital e no interior. O Amazonas viveu um apagão em 1997 e nada tinha sido feito pra mudar a situação. Nós só não tivemos apagão em 2003, 2004 e 2005 porque conseguimos trazer usinas emergenciais. Estão em construção em Manaus quatro usinas que garantem mais 300 MW de energia, que vão funcionar a óleo combustível mas já estão preparadas para funcionar a gás. No interior do Estado nós já conseguimos instalar mais de 150 MW de energia.

 

E nas outras áreas da infra-estrutura?

Nós estamos, com o Ministério dos Transportes, Exército Brasileiro e Companhia Docas do Maranhão, com um programa para construir 31 portos. Isso é mais do que foi feito em 30 anos no interior. Nós estamos, nesse momento, com um programa de investimento de 600 quilômetros de estradas asfaltadas e 700 quilômetros de recuperação de vicinais.

 

Esses investimentos já têm conseqüências?

Tudo isso gerou um programa de desenvolvimento que aponta para o futuro, que nós chamamos de Zona Franca Verde. Por isso o Amazonas alcançou resultados tão fortes nos últimos anos, de crescimentos econômicos. Temos crescimento recorde no Distrito Industrial, geração de emprego, faturamento, exportação, fortalecimentos das indústrias de componentes etc é em todos os setores de agro-negócio. Qual o grande erro do programa Terceiro Ciclo? Excluía da sua lógica os produtos nativos.

 

E para 2006?

Eu tenho pedido a oportunidade para poder trabalhar mais quatro anos para que este modelo possa amadurecer, para que eu possa entregar ao meu sucessor um Amazonas preparado para a grande arrancada do novo milênio.

 

Então o Sr. vai ser mesmo candidato a reeleição?

Se Deus assim permitir, o povo e os partidos políticos me derem a oportunidade de apresentar à população a continuidade desse modelo novo, que é totalmente diferente de tudo aquilo que nós tínhamos, eu topo o desafio para consolidar tudo isso. É um modelo que está vencendo os déficits que o Amazonas carregava nos últimos vinte anos. O Amazonas não pode voltar para trás. Não pode voltar à política do que fui eu que fiz. Agora é a política do futuro, a política do nós fizemos, do respeito à ética, à transparência e à cidadania.

 

E a reeleição do Presidente Lula?

A expectativa que eu tenho no Amazonas, que é onde eu posso influenciar, é que o Amazonas seja grato ao Presidente. Ele foi sensível à causa amazonense, seja na prorrogação da Zona Franca, seja no gasoduto, seja na BR-319 ou na questão da energia que é fundamental.

  

E a segurança pública Governador?

O Amazonas tem a quarta capital mais rica do Brasil. No entanto, com dois milhões de habitantes, ainda consegue ser uma das cidades mais seguras do Brasil se comparada a cidades que têm a mesma força econômica. Atrai coisas boas e coisas ruins. Se comparar com outras cidades, seja Curitiba, Florianópolis, Fortaleza ou Recife, Manaus é mais segura que todas essas. Em determinado período, galeras de jovens estavam praticamente dominando a periferia. Nós quebramos essa espinha dorsal e evitamos que aquelas gangues se instalassem como crime organizado. Isso é mérito do nosso trabalho. O Amazonas acabou de receber uma análise da Secretaria Nacional de Segurança mostrando que a polícia soluciona 83% dos casos.

 

E os problemas na área de saúde?

Peguei uma saúde pública toda desmontada. Cidades importantes como Itacoatiara não tinham um hospital, que estava há três anos em obras. Não tinha como fazer um exame preventivo contra câncer. Hoje nós temos 61 municípios do interior com o equipamento para fazer o exame preventivo contra o câncer de colo de útero. Temos 43 municípios com ultra-sonografia. Já inauguramos no interior 19 hospitais, vamos inaugurar mais 20 até o final do ano que vem. O jornal Estado de São Paulo fez um levantamento nos 27 Estados Brasileiros e o Amazonas foi o que mais investiu em saúde.

 

É verdade que o governo vai lançar um novo programa de ensino à distância?

Nós estamos implementando agora em 2006 um programa de ensino médio à distância, em circuito fechado de televisão, e vamos levar ensino médio para 15 mil jovens das comunidades rurais do Estado. O programa Reescrevendo o Futuro alfabetizou 85 mil amazonenses. Em alguns municípios nós quase zeramos o analfabetismo. Abrimos essa expectativa da igualdade do acesso à Universidade Estadual, criamos o Aprovar (curso pré-vestibular gratuito pela televisão) e estabelecemos uma lei de cotas, que não foi iniciativa do nosso governo, mas que não havia sido colocada em prática.