Governador Eduardo Braga: Parceria com o Bradesco

No Brasil, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, também ganha visibilidade ao criar mecanismos para defender a floresta.

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Governador Eduardo Braga: Parceria com o Bradesco para financiar projetos na Amazônia.

 

Guardadas as devidas proporções, no terreno da política o Brasil também tem seu defensor permanente e ágil. Trata-se do governador do Amazonas, Eduardo Braga, que fez da luta contra o aquecimento global meta de governo – uma das principais medidas foi ampliar em 10 milhões de hectares as áreas de conservação. Em julho do ano passado, ele sancionou a primeira lei estadual do país de mudanças climáticas, conservação ambiental de desenvolvimento sustentável. Uma das propostas dessa legislação foi a criação do Bolsa Floresta, que começou a ser implantado em setembro. A idéia é oferecer uma compensação financeira aos moradores de algumas regiões para que eles atuem como guardiões da biodiversidade local. O valor de 50 reais é pago mensalmente, e a idéia do governador é atingir 60.000 famílias até 2010. Atualmente há 2.080 famílias beneficiadas. Segundo Eduardo Braga, é preciso reconhecer que quem preserva as florestas presta um serviço ambiental e deve ser remunerado por isso. “Nosso Estado tem uma imensa área verde, que precisa ser compreendida como uma vantagem, como um passivo”, diz. “Compreendemos isso e transformamos o que era um problema numa solução“. Além do Bolsa Floresta, a lei de Braga propõe a criação de programas de estudo para identificar projetos que privilegiem matrizes energéticas limpas e favoráveis à estabilização dos gases de efeito estufa.

O desdobramento mais recente das ações é a criação da Fundação Amazonas Sustentável, entidade sem fins lucrativos que tem por objetivo angariar fundos para financiar alguns dos projetos lançados pelo Governo do Estado, como o Bolsa Floresta. A Instituição iniciou as atividades em dezembro de 2007, com um capital de 40 milhões de reais – metade paga pelo Governo do Amazonas e a outra pelo principal apoiador, o Bradesco. O banco se comprometeu também a doar mais de 10 milhões por ano até 2012. Agora, cabe ao presidente da fundação, o empresário e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, ampliar esse montante captando recursos na iniciativa privada.

Revista EXAME, Edição 914 – Ano 42 – no 5 de 26-3-2008.

 

 

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O governador Eduardo Braga, ladeado pelo secretário geral, Virgílio Viana (à esquerda) e o presidente da Fundação Amazonas Sustentável Luiz Fernando Furlan.

 

O governador do Amazonas, Eduardo Braga, empossou no dia 4 de março (terça-feira), os 12 conselheiros que integram a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), instituição privada sem fins lucrativos com delegação para operar os direitos e serviços ambientais de 17 milhões de hectares de terras públicas do Estado em Unidades de Conservação.

A posse aconteceu durante viagem de barco rumo à comunidade de Jacarequara, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uatumã. No local foi ministrada oficina para os beneficiários do Programa Bolsa Floresta e os conselheiros da FAS participaram do encerramento. Na RDS do Uatumã 241 famílias recebem benefícios do Bolsa Floresta.

O Conselho tem formação plural representando a iniciativa privada, o poder público, o meio acadêmico e organizações sócio-ambientais. Os integrantes são:

 

Eduardo Braga – Governador do Amazonas;

Luiz Fernando Furlan – Presidente da Fundação Amazonas Sustentável;

Márcio Cypriano – Presidente do Banco Bradesco;

Lírio Parisotto – Presidente do Conselho de Administração da Videolar;

Phelippe Daou – Diretor-presidente da Rede Amazônica de Radio e Televisão;

Flávia Grosso – Superintendente da Suframa;

Denis Minev – Secretário de Planejamento do Amazonas;

Adalberto Val – Diretor do INPA;

Carlos Nobre – Diretor do INPE;

Jaques Marcovich – Diretor da USP;

Manoel Cunha – Presidente do Conselho Nacional de Seringueiros;

Estevão Tucano – Dirigente da Coordenação das Organizações Indígenas do Amazonas, e

Mário Mantovani – Presidente do SOS Mata Atlântica.

 

O Conselho da Fundação Amazonas Sustentável tem o poder autônomo para deliberar sobre as políticas a ser adotadas, a capacidade de investimento e as propriedades que a Fundação deverá exercer dentro das Unidades de Conservação que estão delegadas a ela.

“Todos os projetos devem ser submetidos ao Conselho que, por ter formação plural, irá discutir à exaustão as melhores atitudes a serem adotadas”, disse Eduardo Braga. O presidente da Fundação Amazonas Sustentável, Luiz Fernando Furlan, afirma que em 90 dias começam a ser materializadas as ações da Fundação. “Estamos alugando um espaço para ser sede da Fundação em Manaus e começamos a montar equipe. Na primeira reunião ordinária do Conselho discutimos as propriedades de ação e no começo de maio nosso time operacional estará pronto”.

 

Bolsa Floresta

É um programa da Fundação Amazonas Sustentável em parceria com o Governo do Amazonas para reconhecer, valorizar e compensar as populações tradicionais e indígenas do Estado pelo seu papel na conservação das florestas, rios, lagos e igarapés.

É o primeiro programa brasileiro de pagamento de serviços ambientais feito diretamente para as comunidades que residem nas florestas do Estado tendo como principal objetivo a redução das emissões por desmatamento.

Numa primeira fase o Bolsa Floresta será repassado para moradores das Unidades de Conservação do Amazonas. Em uma segunda etapa serão beneficiados os moradores de outras áreas. O programa está implementado em seis Unidades de Conservação do Estado e 2.027 famílias estão cadastradas no programa.

A previsão é de que o Bolsa Floresta atinja cerca de 4 mil famílias em 2008.

 

Revista EXAME, Edição 914 – Ano 42 – no 5 de 26-3-2008.